Tragédia
em Jamapará
O distrito de
Jamapará em Sapucaia (RJ) nunca mais será o mesmo depois da tragédia ocorrida
na madrugada do dia 09 de janeiro de 2012. Eram aproximadamente 03h30m da madrugada
de segunda-feira, quando uma avalanche formada por pedras e terra varreu oito
casas do mapa e matou 22 pessoas.
Os momentos que
antecederam a tragédia já estavam levando pânico aos moradores, que ouviam
barulhos semelhantes a trovões, porém, na verdade, eram barrancos caindo e
casas e muros rachando. Muitas pessoas foram para a rua assustadas, chorando,
rezando e gritando, mesmo antes do “grande” acontecimento. Muitos populares
estavam em frente ao local exato da tragédia na Rua dos Barros, no ápice do
grande deslizamento, inclusive eu (Luciano José Louredo – Douradão), editor e
diretor do Jornal Jamapará em foco, que também morava na Rua dos Barros, mas tinha
ido a minha casa, há uns 100 metros do local para buscar um guarda-chuva. Foi
ai então, na porta de minha casa que eu e meus familiares ouvimos o grande
estrondo que tremeu a terra em Jamapará, arrebentou os fios que chicoteavam
faíscas pra todos os lados e varreu as casas até a chamada “Rua do Meio”.
Escuridão total. Pânico generalizado. Muito, muito Medo. As pessoas que estavam
ao redor do grande deslizamento deixaram suas casas na escuridão e desciam
perplexas, com a luz de algumas lanternas, em busca de refúgio na BR 393.
Alguns foram pro Kiosque do Babal, outros, para a porta da venda da dona Maria
e ainda outros ficaram até sem saber pra onde ir. Homens, mulheres, crianças,
idosos... Todos órfãos naquele momento.
Passada a
correria, os boatos, as notícias, os fatos, tudo embolado sem sabermos
realmente o que havia acontecido. Cadê fulano, cadê ciclano? Não sei, não vi...
Ao primeiro raiar do dia, a realidade: uma desgraça assolou Jamapará. Pedras
enormes, barro prá todo lado, escombros e uma destruição jamais vista na
região. Apesar do iminente perigo de novos deslizamentos, os valentes,
corajosos e heróicos moradores do bairro, começaram uma batalha incansável e
perigosíssima a procura de sobreviventes.
Começaram a
chegar as máquinas, mais ajuda, mais pás, mais enxadas, mais pessoas dispostas
a ajudar. Uma pessoa foi no Carmo e buscou dois bombeiros, passou mais uma hora
chegou a primeira viatura dos bombeiros, seguida de policiais militares e
civis, do Rio e de Minas. O tempo ia passando, e o terror e angústia
aumentando. Começam a chegar tratores, muitas máquinas, viaturas e centenas de
jornalistas de todo o Brasil e até mesmo do exterior. Aumentando o terror
psicológico da população do pacato distrito, helicópteros sobrevoavam a área
indo de um lado para o outro. Helicópteros da Polícia, do Exército, Defesa
Civil e de órgãos de imprensa. A chuva continuava... Aumentava, diminuía... Mas
não parava. Assim como também não parava nem sequer por um minuto, a busca por
sobreviventes. Sem sucesso! Ao todo, 22 mortos, oito casas destruídas, várias
condenadas e dezenas interditadas pela Defesa Civil.
Solidariedade
Alguns foram
para a casa de parentes e amigos, mas a grande maioria da população desabrigada
e desalojada encontrou abrigo no CIEP Luiz Daflon, o CIEP de Jamapará. Chegaram
mantimentos, roupas, material de limpeza, atendimento médico água e outras
coisas não menos importantes, como amor, carinho e refúgio. Hoje (15/01) tinha
até pula-pula, escorrega e um grupo teatral, levando um pouco de felicidade as
vítimas da tragédia. No final da tarde, um susto... O tempo, que andou dando um
“tempo” de chover, fechou e começou uma grande ventania gerando certo pânico,
mas, até o momento 20h00m, ficou só na ameaça.
Luciano José
Louredo
AS INFORMAÇÕES COMPLETAS SOBRE A TRAGÉDIA QUE ASSOLOU O DISTRITO DE
JAMAPARÁ VOCÊ ENCONTRARÁ NA NOSSA PRÓXIMA EDIÇÃO. OUTRAS INFORMAÇÕES, A
QUALQUER MOMENTO EM NOSSO BLOG.
DATA PREVISTA DA PRÓXIMA EDIÇÃO DO JORNAL: 21/01/2012
LISTA COMPLETA DAS VÍTIMAS FATAIS
1. Luiz Gonzaga, 67 anos;
2. Lívia Gomes Lemos, de 21 anos;
3. Maria da Glória Nascimento Gomes de 74 anos;
4. José Luzia Pereira, 62 anos;
5. André Luiz Inácio de Souza, de 35 anos;
6. Jorge Luiz Carvalho Gomes, 52 anos.
7. Luiz Carlos Nassif, de 64 anos;
8. Ana Maria Costa Bela Nassif Rezende, 3 anos;
9. Antônio Sergio Gomes da Cunha, 49 anos,
10. Solange Carvalho Cunha, 48
anos;
11. Thiago Carvalho Cunha, 19
anos;
12. Rosiane Gomes Bastos
Oliveira, de 29 anos;
13. Josiel Bastos Oliveira, 3
anos;
14. Francisco, 45 anos;
15. Francisco Edézio Carvalho
Lopes, de 42 anos.
16. Valdinéia Lopes, de 39
anos;
17. Francine Lopes, de 15
anos;
18. Camila Vitória Lopes, de 7
anos;
19. Sebastião Oséias Lopes, 50
anos;
20. Pablo Antônio de Carvalho,
28 anos;
21. Luciano Rezende de 39
anos;
22. Ana Cassia Gomes Lemos de 42 anos.
Moradores desesperados arriscando a vida tentando achar sobreviventes
Ursinho de pelúcia perdido meio aos escombros
Área final do deslizamento.
Moradores e um bombeiro sobre a laje de uma das casas destruídas
Geladeira totalmente destruída em meio aos escombros
Uma tragédia sempre revela heróis
Um dos primeiros bombeiros trazidos por um morador
A primeira viatura do Corpo de Bombeiros que chegou ao local
Destruição de uma casa para a passagem das máquinas
Moradores abandonando o local
Prefeito de Sapucaia e Sub Prefeita de Jamapará
Helicóptero sobrevoando Jamapará
Corpo de uma das vítimas (Créditos O Globo)
Pedras gigantes que deslizaram junto com a terra
Policial com cão farejador
Cadastro de desabrigados e desalojados
Casas ao lado do desmoronamento ficaram comprometidas
Luciano José Louredo (Douradão) editor e diretor do Jornal Jamapará em Foco em meio aos destroços
Local de onde se soltaram as pedras
Defesa Civil fazendo vistoria nas residências na Rua dos Barros
Roupas doadas
Camas doadas
Moradores desocupando suas casas na Rua dos Barros
Donativos entregues no CIEP de Jamapará
Almoço no CIEP de Jamapará
Velório de três vítimas (Créditos O Globo)